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  • Foto do escritorSté Crispino

A Cultura do Silêncio

Atualizado: 14 de fev. de 2023


Recentemente assisti uma série que ilustra muito bem o impacto que a cultura organizacional tem nos comportamentos tóxicos que vemos se repetindo, como as diferentes formas de assédio escancaradas pelo movimento #MeToo.


Esse impacto tóxico que as culturas organizacionais podem ter, em grande parte dos casos, vem de uma cultura de silenciamento. Isto é, uma cultura em que alguns grupos não podem exercitar a sua auto expressão. Ao observar e escutar a sua cultura se pergunte: O que não está sendo dito em palavras que pode ser tão poderoso quanto elas?


Conversando com algumas pessoas sobre como é ser uma pessoa negra em um contexto organizacional, entendi que elas precisam tomar várias precauções ao se expressar. Por vezes, um cuidado para não parecerem parte de uma militância, ou para não soarem como vítimas, ou ainda para não parecer que falam sobre racismo movidas a um interesse próprio.


Dentro da pauta de gênero, vemos mulheres que precisam ter cuidados semelhantes e que, muitas vezes, adaptam o seu jeito de falar e de agir, porque enfrentam dificuldades como o famoso teto ou chão de vidro. Conceitos que ilustram essas barreiras invisíveis dentro das trajetórias profissionais das mulheres. Em empresas onde esses "cuidados" prevalecem, intencionalmente ou não, o silêncio está sendo imposto.



Imagem do acervo: Unsplash


A cultura do silêncio forma o que chamamos na Tribo de harmonia artificial que, portanto, de harmonia não tem nada. Sabemos que tem algo de estranho no ar, mas não é raro afirmar que nem nos permitimos entender o que é.


As culturas precisam sair da nossa zona de conforto dessa harmonia artificial e ir para a zona de confronto. É nela que nos deparamos com a verdade. Como bem colocou a Beyoncé:

"Se as pessoas em posições de poder continuarem contratando e escalando somente indivíduos que se pareçam com elas, soem como elas e venham dos mesmos bairros em que elas foram criadas, essas pessoas nunca vão conseguir ter uma compreensão maior de experiências diferentes das suas próprias. (...) A voz de todos[as] é importante, e todos[as] têm a chance de descrever o mundo a partir do próprio ponto de vista."

Como colocar a sua cultura na zona de confronto:


  1. Reconheça os silêncios: perceba os momentos que o silêncio está presente e se pergunte se existem vozes dominantes ou concentração de poder excessiva que prejudica a cultura e os próprios valores da organização.

  2. Falando em valores, descreva-os bem! Entenda e deixe explícito quais os comportamentos que reforçam os valores da sua organização e quais aqueles que os enfraquecem. Ao observar esses comportamentos, entenda se existe alguma harmonia artificial pairando no ar.

  3. Se tiver: tenha as conversas difíceis. A coragem de romper com o silêncio vai ser desconfortável e exigir muita maturidade, porém somente através das conversas difíceis e necessárias que a sua cultura poderá evoluir e, com ela, o seu negócio.

Acreditamos, na Tribo, que todo o desafio de negócio é, de verdade, um desafio de gente. Portanto, olhar para os silêncios presentes na sua cultura pode não oferecer respostas, mas sim as perguntas que você, como liderança, precisa se fazer. As culturas do silêncio beneficiam quem se cala e, assim, poderíamos entender o silêncio como uma forma de conivência. E a sua cultura, o que não quer mais calar?


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